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Empreitada: O Que É, Tipos e Como Saber se Você Precisa de Uma

Você já se viu diante de uma obra e se perguntou: "Vale mais a pena contratar uma empreiteira ou montar minha própria equipe?"
Essa é uma dúvida comum, especialmente em projetos que envolvem investimento, prazos e riscos operacionais. Para lidar com esses desafios, muitas construtoras e incorporadoras optam pela empreitada, um formato tradicional e estratégico no setor.

Neste artigo, você vai entender tudo sobre o conceito de empreitada — desde o básico até os tipos e os cuidados ao contratar esse serviço. Nosso objetivo é te ajudar a tomar decisões mais seguras, eficientes e estratégicas nos seus projetos de construção ou reforma.

O que você vai aprender aqui:

  • O que é uma empreitada e como ela funciona;

  • Diferenças entre contratar uma empreitada e utilizar mão de obra própria;

  • Os tipos de empreitada e como cada um se aplica;

  • Situações práticas em que vale a pena optar por esse modelo;

  • 5 Dicas para acompanhar o serviço da empreiteira;


O que é uma empreitada?

Imagem mostra uma pessoa com um papel na mão olhando para uma obra

A empreitada é um contrato em que uma parte(o empreiteiro), se compromete a executar uma obra ou serviço para outra parte, o contratante (o dono da obra), mediante um pagamento previamente estabelecido. Essa contratação pode abranger desde a realização de uma obra completa até etapas específicas dentro de um projeto maior.

Uma característica da empreitada é a ausência de subordinação entre contratante e empreiteiro. A empresa contratada atua com autonomia, sendo responsável por conduzir, organizar e fiscalizar o trabalho por conta própria — inclusive com liberdade para contratar seus próprios funcionários, sem vínculo empregatício com o dono da obra.

Esta atividade é regulamentada pelos artigos 610 a 626 do Código Civil, assim como pelos artigos 34, 78 e 455 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).


Contratar uma empreiteira ou utilizar mão de obra própria?

Entenda o que é melhor para a sua obra!

Antes mesmo da obra sair do papel, uma decisão pode impactar diretamente o seu cronograma, orçamento e até a qualidade do resultado final: optar por uma empreiteira ou montar sua própria equipe de trabalho.

Essa escolha deve considerar o porte do projeto, a experiência da gestão, o nível de controle desejado e os riscos envolvidos. Ambas as opções têm vantagens e desvantagens que influenciam não só o custo da obra, mas também a sua eficiência e previsibilidade.

A seguir, você confere uma análise comparativa para entender o que cada modelo oferece:

Contratar uma empreiteira:

Vantagens:

  • Redução da burocracia com contratações diretas: Ao contratar uma empreiteira, você pode transferir a responsabilidade pela contratação de trabalhadores e encargos trabalhistas, o que diminui a carga administrativa e jurídica para sua empresa.

  • Responsabilidade técnica centralizada: A empreiteira é responsável por garantir a qualidade, o cumprimento das normas e a supervisão da execução. Isso permite mais tranquilidade para o contratante, que não precisa acompanhar tecnicamente cada etapa.

  • Mais rapidez e especialização: Empresas empreiteiras costumam ter equipes já treinadas e preparadas, além de equipamentos próprios, o que acelera o ritmo da obra e melhora a eficiência.

  • Adaptabilidade: possibilita ajustar a quantidade de mão de obra de acordo com as necessidades do projeto, diminuindo despesas quando a carga de trabalho é reduzida.

Desvantagens:

  • Menor controle direto sobre os operários: Como os profissionais podem pertencer à empreiteira, você terá menos interferência sobre o dia a dia das atividades e sobre como o trabalho está sendo conduzido.

  • Pode sair mais caro se o escopo não estiver bem definido: Projetos com brechas ou alterações constantes no escopo podem gerar aditivos e renegociações, elevando o custo final da obra.

  • Risco de atrasos se a empreiteira for pouco confiável: Caso a empresa contratada não cumpra prazos ou tenha baixa capacidade de gestão, isso pode prejudicar o andamento da obra. Por isso, a escolha do parceiro é crítica.

Mão de obra própria

Vantagens:

  • Maior controle do time e dos custos por hora: Com uma equipe interna, você consegue gerenciar diretamente a produtividade, negociar valores com mais flexibilidade e acompanhar o desempenho de perto.

  • Possibilidade de ajustes contínuos no escopo: Alterações no projeto podem ser implementadas com mais agilidade, sem depender de novos contratos ou aditivos, o que pode ser útil em obras dinâmicas ou com especificações em evolução.

Desvantagens:

  • Exige gestão intensiva de pessoal: Contratar, treinar, organizar e acompanhar uma equipe exige tempo, conhecimento técnico e dedicação constante. A falta de uma boa liderança pode comprometer o resultado final.

  • Riscos trabalhistas: Assumir a mão de obra direta implica em responsabilidades legais — como encargos, benefícios e passivos trabalhistas — que aumentam a complexidade e o risco jurídico da operação.

  • Maior imprevisibilidade nos prazos e resultados: Sem processos bem estruturados, a obra pode sofrer com atrasos, retrabalho e perda de produtividade, especialmente se a equipe não tiver experiência consolidada.


Tipos de empreitada: qual modelo é ideal para sua obra?

Entender os tipos de empreitada disponíveis é essencial para escolher o modelo de contratação que mais se adequa às necessidades da sua obra. Cada formato possui características específicas em relação ao controle de custos, à flexibilidade do escopo e à forma de pagamento.

A seguir, veja os principais tipos de empreitada usados na construção civil e em que situações cada um é mais indicado:

1. Empreitada por Preço Global

Neste modelo, a empreiteira se compromete a executar a obra — ou uma parte dela — por um valor fixo e fechado previamente acordado no contrato. O empreiteiro, assume a responsabilidade de realizar a obra integralmente, desde a fundação até o acabamento final da construção.

Nesta modalidade de empreitada, o tempo de execução da obra não é condicionado, pois fatores climáticos, que podem atrasar a conclusão, são imprevisíveis. No entanto, é possível definir uma estimativa, que, mesmo sujeita a variações, deve ser incluída no contrato.

Vantagens:

  • Excelente para obras com escopo bem definido;

  • Oferece maior previsibilidade de custos;

  • Reduz a necessidade de medições detalhadas durante a execução.

Ideal para: projetos com planejamento detalhado, poucas incertezas e baixa probabilidade de alterações ao longo da obra.

Mas Atenção: qualquer alteração no escopo exige renegociação contratual!

2. Empreitada por Preços Unitários

Diferente do modelo anterior, aqui o pagamento é feito com base nas unidades efetivamente executadas (como metro quadrado de alvenaria, metro linear de fundação, etc.). O contrato define os preços unitários por serviço e material, mas o valor total da obra depende da medição e avanço da execução.

Vantagens:

  • Flexível para obras com escopo variável ou em evolução;

  • Facilita ajustes durante a execução sem necessidade de aditivos.

Ideal para: obras de infraestrutura, grandes projetos públicos ou situações em que não é possível prever com precisão o volume de trabalho.

3. Empreitada Integral

Neste modelo, a empreiteira é responsável por todas as etapas do projeto: desde o desenvolvimento do projeto executivo, aquisição de materiais e execução da obra até a entrega final. É uma contratação que transfere praticamente toda a responsabilidade da obra para a empresa contratada.

Vantagens:

  • Redução da carga de gestão para o contratante;

  • Maior responsabilidade concentrada em uma só empresa.

Ideal para: contratantes que buscam uma solução "chave na mão", com comodidade e terceirização total da obra.

4. Empreitada Mista

Na empreitada mista, que pode ser estruturada tanto por preço global quanto por preço unitário, o empreiteiro assume a responsabilidade pela mão de obra e pelos materiais, isentando o empreendedor de qualquer obrigação, inclusive encargos trabalhistas.

Vantagens:

  • Permite mais equilíbrio entre previsibilidade de custos e flexibilidade;

  • Adapta-se a obras com partes bem definidas e outras com escopo variável.

Ideal para: projetos híbridos, onde algumas etapas têm escopo fechado e outras dependem de variáveis durante a execução.


Como saber se preciso contratar uma empreitada?

Entender o momento certo de contratar uma empreitada pode fazer toda a diferença na eficiência e no sucesso de um projeto. Embora algumas obras possam ser gerenciadas com mão de obra própria, a empreitada se torna a melhor escolha em diversos cenários onde previsibilidade, técnica e gestão especializada são determinantes.

Veja abaixo as situações mais comuns em que a contratação de uma empreitada é recomendada — e por quê:

1. Quando você não tem estrutura para gerir uma equipe direta

Gerenciar uma obra exige tempo, conhecimento técnico, habilidade com equipes e domínio de processos construtivos. Caso sua empresa ou você, como contratante, não disponha de tempo ou estrutura interna para assumir essa responsabilidade, a empreitada pode ser a solução mais viável. A vantagem é que você foca na estratégia, enquanto a execução fica por conta de quem tem experiência prática.

2. Quando o projeto tem alto grau de complexidade técnica

Obras com exigência técnica elevada — como grandes estruturas, fundações especiais, instalações industriais ou projetos com muitos detalhes de acabamento — demandam mão de obra qualificada, equipamentos adequados e experiência técnica.

Ao contratar uma empreiteira, você garante que os profissionais envolvidos tenham conhecimento específico para lidar com esse nível de exigência.

3. Quando o objetivo é agilidade na execução com menor risco administrativo

Empreiteiras profissionais já contam com equipes estruturadas, cronogramas bem definidos e processos padronizados. Por isso, obras sob o regime de empreitada costumam ter ritmo mais acelerado e menos gargalos administrativos do que aquelas conduzidas com mão de obra direta.


5 Dicas para acompanhar sua empreitada e garantir o sucesso da obra

Mesmo com a contratação no modelo de empreitada, onde a execução da obra é de responsabilidade da empreiteira, acompanhar o andamento do projeto é essencial para garantir que tudo saia conforme o planejado. Afinal, negligenciar esse monitoramento pode resultar em atrasos, falhas técnicas ou até prejuízos financeiros.

Veja os principais pontos que você deve acompanhar de perto:

1. Cronograma de execução da obra

O cronograma acordado em contrato deve servir como guia durante toda a execução. Acompanhe pelo menos de forma mensal o progresso físico da obra e compare com o planejamento original.

O que observar:

  • Etapas sendo concluídas dentro dos prazos?

  • Houve interrupções sem justificativa?

  • Há sinais de que os prazos finais serão comprometidos?

Atrasos não identificados a tempo podem se acumular e afetar toda a entrega do projeto.

2. Qualidade dos serviços executados

A qualidade da obra é responsabilidade técnica da empreiteira, mas você ou seu representante devem fazer inspeções regulares. Observe o acabamento, o alinhamento, os materiais utilizados e a conformidade com os projetos técnicos.

O que fazer:

  • Realizar vistorias presenciais com frequência;

  • Registrar inconformidades por meio de fotos e relatórios;

  • Solicitar correções imediatas, se necessário.

Identificar falhas cedo evita retrabalhos e custos extras.

3. Condições de segurança no canteiro de obras

A segurança do trabalho é obrigatória, e a empreiteira deve cumprir as normas regulamentadoras (NRs) do setor. Ainda assim, como contratante, é seu dever fiscalizar e cobrar o cumprimento dessas regras.

Fique atento a:

  • Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs);

  • Sinalização adequada nas áreas de risco;

  • Presença de um responsável pela segurança no local.

Acidentes de trabalho podem gerar paralisações, processos judiciais e até responsabilização solidária.

4. Comunicação com o responsável técnico da empreiteira

Estabeleça um canal claro e constante de comunicação com o engenheiro responsável ou encarregado da obra. Isso permite alinhar expectativas, esclarecer dúvidas e tomar decisões rápidas quando necessário.

Dicas práticas:

  • Faça reuniões com frequência, mesmo que breves;

  • Registre acordos e decisões por escrito;

  • Evite instruções vagas ou verbais sem documentação.

Falhas de comunicação são uma das maiores causas de conflitos em obras.

5. Relatórios de avanço físico e documental

Solicite relatórios regulares contendo o avanço das etapas da obra, registros fotográficos, controle de materiais e evidências de conformidade com o projeto. Esses documentos são fundamentais para o controle do contratante.

Exemplos de documentos úteis:

  • Relatórios fotográficos com frequência;

  • Planilhas de medição (em empreitadas por preços unitários);

  • Checklists de serviços concluídos.

Documentação consistente garante maior transparência e segurança contratual.

Dica Bônus:

Tenha um contrato bem elaborado

Independentemente do modelo de empreitada, nunca inicie uma obra sem um contrato claro, detalhado e assinado por ambas as partes. Nele devem constar: escopo completo, prazo de execução, valores, cláusulas de rescisão, garantias, formas de pagamento, penalidades e exigências de segurança.

Um contrato robusto protege tanto o contratante quanto a empreiteira — e serve como referência em qualquer disputa ou desacordo.


Conclusão

A empreitada é uma solução estratégica para quem busca realizar obras com mais segurança, previsibilidade e eficiência. Conhecer seus tipos, vantagens e cuidados é essencial para tomar decisões conscientes e proteger seu investimento.

Seja em um projeto pequeno ou de grande porte, entender como esse modelo funciona te ajuda a evitar dores de cabeça, atrasos e custos extras. Agora que você já sabe o que observar, fica mais fácil escolher o melhor caminho.

Lembre-se: a chave para uma boa empreitada está em um bom contrato, no alinhamento claro de expectativas e no acompanhamento próximo da execução.